Meu sobrinho e afilhado, que daqui a dois dias faz aniversário, me pediu de presente uma camisa oficial do seu time, que aqui será chamado de "Sabiá". Todos na família, com exceção dele e de meu cunhado, torcem - com mais ou menos fervor (que no meu caso é quase nenhum) - para o rival, vamos dizer, "Sardinha".
Então, lá fui eu rumo a SabiáShop e, entrando na loja, um vendedor, antes mesmo de saber no que poderia me ajudar, olhou para mim, me desejou bom dia e perguntou se, hoje, alguém já tinha dito que eu era muito simpática (porque eu sou, né, gente?). Respondi que, hoje, ele havia sido o primeiro e perguntei se ele tinha a tal camisa na loja. Ele respondeu que tinha, sim, e ela era da cor dos meus olhos (como a camisa é azul turquesa e os meus olhos são verdes, ou ele enxerga mal, ou estava me cantando, ou queria muito vender a camiseta. Para o bem da minha auto-estima, fico com a segunda opção).
Qual o tamanho, quer que coloque o nome, é dinheiro ou cartão, blá, blá, blá, e o rapaz me faz a seguinte pergunta: você é sabiasense, né?
Juro que na hora, quando me vi cercada de vídeos do Sabiá em telões de 1400 polegadas, vendedores do Sabiá, compradores da loja do Sabiá, hino do Sabiá tocado em volume máximo, me vi tentada a dizer que sim, que eu era Sabiá desde sempre e que, uma vez Sabiá, Sabiá até morrer. Mas... respondi - simpaticamente - que não: que era sardinhense (#aloka).
O clima mudou na mesma hora. No rosto do vendedor do SabiáShop cresceu um bico que mataria de inveja qualquer sabiá ave. Acabaram-se as gracinhas e eu - que acho futebol um esporte chatíssimo e que não assisto nem jogo do Brasil em Copa do Mundo - fiquei super consciente do meu sangue marítimo dentro daquele ninho de sabiás. Literalmente um peixe fora d'água.
Mas, como estamos no - ainda muitas vezes cordial - Rio, ao sair da loja o moço desejou que eu tivesse um bom dia, mesmo sendo sardinhense; e desejei o mesmo a ele, mesmo ele sendo Sabiá.
E fui logo comprar umas sapatilhas.
Bisou, ;*
