Eu tenho medo de bicho.
E, mais do que medo, tenho pavor de bicho que bate asa.
Passarinho, mariposa, barata, galinha, borboleta, pombo, cigarra... para mim é tudo um horror só.
No caso de contatos imediatos, saio do corpo e perco o senso do ridículo. Aliás, perco o senso de qualquer coisa, a não ser em ocasiões especialíssimas.
Por exemplo, o caso de Natal.
Por exemplo, o caso de Natal.
Há alguns anos, nas férias, eu e meu ex (naquela época ele não era nem um pouco ex!) viajamos até o Ceará de carro. Em Natal, fomos convidados a pernoitar na casa de uns amigos dele, que eu não conhecia. Quase chegando na tal casa, ainda na estrada, ele veio com um papo "eles são ótimos, mas a casa é muito simples". Isso de cinco em cinco minutos.
"Muito simples como?", perguntei;
"Simples, só isso"; foi a resposta.
Como ele me conhecia muito bem e tinha sido testemunha ocular de alguns de meus encontros com animaizinhos, achei que estava preparando meu espírito... e estava mesmo.
"Muito simples como?", perguntei;
"Simples, só isso"; foi a resposta.
Como ele me conhecia muito bem e tinha sido testemunha ocular de alguns de meus encontros com animaizinhos, achei que estava preparando meu espírito... e estava mesmo.
As pessoas - surfistas ripongas - eram realmente fofas, nos receberam super bem e a casa era, na verdade, um pouquinho mais do que muito simples. No meio de uma florestazinha, chão de barro, sem forro e com uma fauna que faria a delícia de qualquer entomologista.
E, para meu desespero, não havia a menor chance de nós não pernoitarmos lá. O carinho deles conosco e o prazer visível de estarem nos recebendo (se prepararam, nos deram a própria cama; quem já esteve no Nordeste sabe do que estou falando...) cortava qualquer possibilidade de irmos para uma pousada. Seria uma grosseria e pegaria muito mal.
Então, meus queridos, contrariando todos os meus instintos, entoando todos mantras, rezando para todos os santos e ligando o autocontrole no volume máximo, vivi o que foi uma das piores noites da minha vida.
Já na hora do jantar, eu sentada no sofá, dura que nem um cabo de vassoura, não prestando a mínima atenção na conversa, só monitorando a bicharada e tentando disfarçar o meu pavor (acho que também estraguei a noite do ex; ele tenso, esperando o momento do meu piti... isso a noite inteira).
Quando fomos deitar, me enrolei no lençol - corpo e cabeça, sem nenhuma fresta que permitisse a entrada de algum visitante indesejado - e dormi dentro daquele casulo, abafada e sem respirar direito. E, como se não bastasse, me desenrolando pela manhã, olhei para cima e vi, penduradinho de cabeça para baixo numa das vigas do telhado, um morcego. Meu exmailove disse que o bicho estava lá desde a véspera, mas que não tinha falado nada porque tinha certeza que eu teria um ataque e iria dormir dentro do carro. Certíssimo o moço...
Depois dessa, me vesti na velocidade cinco da dança do créu, agradeci o carinho pela acolhida e às seis da manhã já estávamos novamente na estrada.
E histórias como estas são muitas, a grande maioria sem fairplay nenhum. Foram gritos, corridas, micos, tombos, stripteases involuntários e descontrole total.
Dizem que neurolinguística resolve (duvido...) mas, por enquanto, me contento em ser a rainha das janelas com tela.
Bisou, ;*
Bisou, ;*
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