Você sabe o que é caviar?

Nunca é demais reiterar que respeito os gostos pessoais de cada um e que acho que a graça está justamente nessas diferenças todas.
 

Porém, ontem vi uma matéria na TV que transcende todo o meu empenho para ser blasée. Tenho que meter o bedelho:

A coisa já começa estranha quando uma dupla sertaneja resolve fazer um showzinho numa loja em SP (onde mais?), considerada o templo máximo do chiquê e da sonegação de impostos, para um número restrito de pagantes, ao custo de nove mil reais - não sei se por mesa ou "cabeça", mas, seja o que for, absurdo de qualquer jeito. Aí começa o verdadeiro show de horrores:  

O repórter entrevista a dupla no camarim e um deles, querendo ser engraçado, tira um punhado de caviar de um potinho e começa a engraxar o sapato do jornalista. (Alôôu? Eu vi direito?)

Lembra daqueles filmes onde o pobretão recém enricado acende o charuto com uma nota de cem dólares? Pois foi mais ou menos isso, sem a duvidosa graça que a cena poderia ter numa obra de ficção. Fica a pergunta: eles sabem o que é caviar?  Se nunca viram, comeram, ou ouviram falar, a falta é menor, pois devem ter achado aquele negócio parecido com graxa de sapato mesmo. Se sabiam do que se tratava, a história fica mais grave, porque, antes de ser um símbolo de ostentação para novos-ricos toscos, trata-se de um tipo de "alimento comestível" que - como ensinaram nossas mães, avós e preceptoras suíças (oi?) - existe para ser levado à boca e não para brincadeirinhas bobocas.
Provou e não gostou? Tudo bem; deixa no prato e não se fala mais nisso.
Engraxou o sapatinho com a comida? Chapeuzinho de "burro" na cabeça, joelhinho no milho e carinha virada prá parede, já!

Num outro momento, um dos manés espectadores entrevistados pelo repórter sai com a seguinte pérola: "Se você convida alguém para vir aqui, paga esse dinheiro todo e depois não rola nada, dá uma briga séria".

Foco no troglô endinheirado: quer dizer que, além do show e do jantarzinho, o ingresso também dava direito ao entrepernas da moçoila convidada? Sei não, mas, se fosse comigo, já que era para correr o risco de ser presa numa eventual batida da polícia federal, ter a reputação arrasada ao ser vista ao lado de um cretininho sem-noção e de ter uma indigestão ao ouvir o cardápio musical da noite, ia exigir ganhar um mimo da Tiffany's (vários quilates, por favor), além de uma cobertura no Leblon, no meu nome.

Pretty woman, walking down the street... lá, lá, lá....

Bisou, ;*